Como fazer uma resenha crítica



Resenha-crítica: É um texto que, além de resumir o objeto, faz uma avaliação sobre ele, uma crítica, apontando os aspectos positivos e negativos. Trata-se, portanto, de um texto de informação e de opinião.

 
Itens de uma resenha crítica:
1. A referência bibliográfica da obra, preferencialmente seguindo a ABNT1
2. Alguns dados biográficos relevantes do autor (titulação, vínculo acadêmico e outras obras, por exemplo);
3. O resumo da obra, ou síntese do conteúdo, destacando a área do conhecimento, o tema, as idéias principais e, opcionalmente, as partes ou capítulos em que se divide o trabalho. Deve-se deter no essencial, mostrando qual é o objetivo do autor, evitando recorrer a detalhes e exemplos, com máxima concisão. Este momento é mais informativo que crítico, embora a crítica já possa estar presente;
4. As categorias ou termos teóricos principais de que o autor se utiliza, precisando seu sentido, o que ajuda evidenciar seu approach teórico, situando-o no debate acadêmico e permitindo sua comparação com outros autores. Aqui não só se deve expor claramente como o autor conceitua ou define determinado termo teórico, mas já se deve introduzir críticas, seja à utilização ou à própria conceituação feita pelo autor;
5. A avaliação crítica, em si. Este é o ponto alto da resenha, onde o recensor mostra seu conhecimento, dialoga com o autor e/ou com leitor, dá-se ao direito de proceder a um julgamento. Há vários tipos de críticas, mas destacam-se: (a) a interna, quando se avalia o conteúdo da obra em si, a coerência diante de seus objetivos, se não apresenta falhas lógicas ou de conteúdo; e (b) a externa, quando se contextualiza o autor e a obra, inserindo-os em um quadro referencial mais amplo, seja histórico ou intelectual, mostrando sua contribuição diante de outros autores e sua originalidade.
Atualmente quase todas as revistas científicas trazem boas seções de resenhas. Sempre é aconselhável ir a uma biblioteca e consultar alguns destes periódicos para observar atentamente como os mais destacados profissionais e pesquisadores da área as elaboram.
Finalmente, deve-se lembrar que o recensor deve preocupar-se com a obra em sua totalidade, sem perder-se em detalhes e em passagens isoladas que podem distorcer idéias. Deve-se certamente apresentar e comentar pontos específicos, fortes ou fracos do trabalho, mas estes devem ser relevantes. Nada mais deplorável do que uma crítica vazia de conteúdo, sem base teórica ou empírica, que lembre preconceito. Ou elogios gratuitos, que podem parecer corporativismo ou "puxa-saquismo".


1 ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas

Como fazer fichamento de texto

O fichamento é uma ferramenta didática que permite ao professor conhecer o cuidado do aluno em relação à leitura solicitada, mas ajuda muito mais ao próprio aluno (quando é bem elaborado), pois lhe assegura um método de aprendizado por intermédio da leitura.

A elaboração de um bom fichamento, o qual não deve ser confundido com um resumo, permite ao estudante alcançar ao menos três (3) objetivos, a saber:

 

1) utilizá-lo em sala de aula na discussão do texto;

2) servir de estudo para melhor domínio do conteúdo, comparando-o a outros textos afins, e, ainda;

3) guardá-lo para uso futuro na forma de consulta, dispensando a necessidade de ter de refazer toda a leitura (levando em conta que muitas vezes não adquirimos a obra).

 

Para que o item 3 possa ser eficaz é preciso que o fichamento seja bem feito de maneira a despertar rapidamente suas lembranças. Você poderia pensar, mas por quê irei precisar disso no futuro? Talvez sua própria curiosidade intelectual possa levá-lo a necessitar deste recurso em um momento que esteja fazendo a leitura de outra obra que tenha, eventualmente, conteúdo similar. Pode, igualmente, servir de exemplo para trabalhos profissionais.

 

Assim sendo, passo a listar algumas exigências básicas para se fazer um bom fichamento:

 

1

Identificar a Fonte da Leitura (Livro, Tese não publicada, Artigo em revista etc);

1.1

Ano da Publicação (ou do documento, caso não tenha sido publicado);

1.2.

Nome da Editora (em caso de ter sido publicado);

1.2.1.

Número da Edição e/ou da impressão (nem sempre existe em publicações mais antigas);

1.2.2.

Número de páginas (do livro e/ou da parte lida).

1.3.

Título da Obra;

1.3.1.

Título da Obra no Original (em caso de obra estrangeira. Está na ficha catalográfica)

1.3.2

Título do Capítulo ou do trecho lido (caso tenha lido um trecho sem título ou sub-título, procure dar um a partir da frase empregada pelo autor no início de um parágrafo);

1.4.

Localização da obra (se obtida em biblioteca, da propriedade do próprio aluno etc);

1.5.

Nome do Autor (ou autores) e/ou do Organizador;

1.5.1.

Nome do Tradutor (no caso de ser uma obra escrita originalmente em outro idioma);

2.

Tema da Obra (Administração, Sociologia etc.);

2.1.

Palavras-chaves (caso haja na ficha catalográfica da obra valha-se delas, mas use também as que te pareçam mais indicadas);

2.2.

Idéia ou idéias principais do autor (registre as que lhe pareçam as mais importantes. Aqui já se exigirá do aluno um esforço de síntese ao tentar captar tais idéias);

2.2.1.

Objetivo (s) principal (is) do autor (nem sempre o autor explicita seu objetivo);

3.

Reprodução de trechos da leitura (dos que considerar os relevantes para a apreensão do conjunto da leitura. Importante ao final da reprodução identificar o item e a página de onde copiou);

3.1.

Conceitos utilizados acompanhados da explicação do autor;

3.2.

Nomes de outros autores ou livros citados no texto (trata-se da bibliografia comentada pelo autor ao longo de seu texto e sobre a qual ele faz referências);

4.

Glossário de palavras e conceitos (há semelhança com o item 3.1.,mas há ligeira diferença);

5.

Comentários do aluno sobre a leitura (fácil, difícil, o que aprendeu, o concluiu, etc.).

5.1.

Dúvidas da leitura que deseja esclarecer em aula (se mais de uma numerá-las).

 

Quanto a forma de elaboração do fichamento, penso ser apropriado que este seja feito com ao menos duas (2) colunas para melhor divisão e clareza, mas não mais do que quatro (4) a fim de não torná-lo detalhado demais. O modelo que apresento parcialmente abaixo dispõe de três (3).

 

Itens

Conteúdo

Observação do Aluno

1. Tipo de Obra

Livro

 

1.1 Ano da Publicação

1999

 

1.2. Editora

Paz e Terra

 

1.2.1. Edição

1ª Edição

 

1.2.2. Páginas

530 páginas

 

1.3. Título

O Poder da Identidade

Trata-se do volume II de uma mesma obra publicada em 3 livros.

1.3.1. Título original

The Power of Identity

 

1.3.2. Título do Capítulo.

Capítulo I – Paraísos Comunais: identidade e significado das Sociedades em Rede (pág. 21 a 92).

Li parte do capítulo, que foi solicitado pelo professor, mas que não apresentava subdivisão.

1.4. Localização

Biblioteca da Fundação Escola Sociologia e Política

Há três exemplares na biblioteca, mas o que obtive é o que se encontra em pior estado.

1.5. Autor

Manuel Castells

 

1.5.1. Tradutor

Klauss Brandini Gerhardt

 

2. Tema

Mudança Social, Sociologia

 

2.1. Palavras-chaves

Capitalismo; Cultura; Conflitos; Etnias; Identidade; Mudança Social; Poder; Povos.

 

(....)

(....)

(...)

5. Comentários

Considerei a obra difícil seja por se tratar de um tema que eu desconhecia, mas também pela quantidade de termos novos para mim. Entretanto, aprendi bastante depois de fazer uma segunda leitura e constato que o autor trata da profundidade da mudança social no mundo globalizado e o quanto isto impacta na cultura dos povos e na sua existência. Em minha opinião, Manuel Castells tem uma visão bem pessimista sobre este processo, embora admita que alguns processos bem interessantes também ocorram.

 

5.1.

Quero saber a opinião do professor sobre esta obra. Será que ele considera que o autor tem uma opinião muito negativa da mudança social sobre as sociedades?

 

 

Para estudar Filosofia

Estudar Filosofia, como estudar outra disciplina qualquer, é uma atividade que exige esforço e método. Sem método, o esforço é ineficaz. Com método, a aprendizagem torna-se mais agradável e o sucesso mais fácil.


A leitura

A leitura eficaz de um texto ou de um conjunto de textos processa-se, em geral, em duas etapas distintas:

• Primeiro ler por alto, fazer uma leitura rápida, dando particular atenção a títulos, esquemas, ilustrações e frases em destaque. O objetivo é saber de que assunto se trata e identificar os elementos mais importantes ou mais interessantes do texto.

• Após ter uma visão geral do assunto, chegou o momento de ler o texto em profundidade. Nesta segunda etapa, deves aproximar-te do texto, de forma cuidadosa e crítica, para compreender o que se diz e como se diz. A compreensão do texto é fundamental para elaborar correctamente esquemas ou resumos e para fazer bons comentários.


Consultar o dicionário

A ignorância das palavras constitui o primeiro obstáculo à compreensão de um texto. Por isso, deve-se consultar o dicionário sempre que encontrar palavras cujo significado for desconhecido. Pode-se consultar um dicionário geral ou um Dicionário de Filosofia.


Elaborar esquemas e resumos

Os esquemas e resumos facilitam a aprendizagem e permitem revisões rápidas antes das provas.

Os esquemas são simples enunciados de palavras chave e podem ter a forma de índices, quadros, desenhos ou mapas. Representam grande economia de palavras e permitem visualizar facilmente o conteúdo de um texto.

Os resumos são reconstruções abreviadas do texto original, por palavras próprias do leitor, seguindo o plano e o pensamento do autor. Isto exige a identificação e o registo das ideias de cada parágrafo.

Atenção, resumir não é comentar. Um bom resumo diz apenas, com brevidade, clareza, rigor e originalidade, o que disse o autor do texto. O comentário vai além do resumo. Comentar implica:

• Compreender as ideias principais do texto e os argumentos utilizados pelo autor para defesa dos seus pontos de vista;

• Situar o texto na obra do autor e no seu comentário literário, histórico ou filosófico;

• Apreciar o valor das ideias apresentadas, comparando-as, por exemplo, com as ideias defendidas por outros autores a respeito do mesmo assunto.

O que é estudar filosofia?

Nigel Warburton

A filosofia é diferente de muitas outras disciplinas das Letras porque para estudar filosofia é necessário fazer filosofia. Para ser um historiador de arte, não é necessário pintar; para estudar poesia, não é necessário ser um poeta; e podemos estudar música sem tocar um instrumento. Contudo, para estudar filosofia é necessário que nos entreguemos à argumentação filosófica (argumentar é apresentar razões ou indícios que conduzem a uma conclusão). Não se trata de operar ao nível dos grandes filósofos do passado; mas quando se estuda filosofia faz-se o mesmo tipo de coisa que eles fizeram. Podemos jogar futebol sem chegar ao nível do Pelé, e podemos obter muita satisfação intelectual filosofando sem a originalidade ou o brilhantismo de Wittgenstein. Mas em ambos os casos será necessário desenvolver algumas das competências usadas pelos grandes praticantes. Essa é uma das razões pelas quais a filosofia pode ser uma área de estudos imensamente compensadora.

A palavra "filosofia" deriva do grego "amor da sabedoria". Mas isto não é particularmente útil para a compreensão do modo como a palavra é agora usada. A filosofia é um disciplina nuclear relativamente à maior parte dos cursos de humanidades. Centra-se em questões abstractas como "Será que Deus existe?", "Será o mundo realmente como nos parece que é?", "Como devemos viver?", "O que é a arte?", "Teremos uma liberdade de escolha genuína?", "O que é a mente?", e assim por diante.

Estas questões muito abstratas podem surgir na nossa experiência cotidiana. Algumas pessoas fazem uma caricatura da filosofia como se fosse uma disciplina sem relevância para a vida, uma disciplina para estudar em casa unicamente por satisfação intelectual, o equivalente acadêmico de fazer palavras cruzadas. Mas isto é uma representação gravemente errada de grande parte da disciplina. Por exemplo, o caloroso debate sobre se o boxe deve ser proibido só se pode responder enfrentando questões abstratas importantes. Quais são os limites aceitáveis da liberdade individual num país civilizado? Quais são as justificações para o paternalismo, para forçar as pessoas a comportar-se de uma certa forma para o seu próprio bem? Por outras palavras, este debate não é apenas sobre reações emocionais ao boxe; depende antes de pressupostos filosóficos fundamentais (um pressuposto é uma afirmação a favor da qual não se avança qualquer argumento; uma afirmação que se aceita para permitir a argumentação).

A análise de razões e argumentos é uma área própria da filosofia. De fato, se a filosofia tem um método distintivo, é este: a construção, crítica e análise de argumentos. As competências filosóficas são aplicáveis em qualquer área em que os argumentos sejam importantes, e não apenas nos domínios da especulação abstrata. São particularmente úteis quando se escreve ensaios, dado que se espera habitualmente que se defenda conclusões, e não apenas que as afirmemos. Por esta razão, uma formação básica em filosofia é extremamente importante, seja qual for a disciplina acadêmica que se tenha em mente seguir.

 
Tradução de Desidério Murcho
Original: http://www.open.ac.uk/Arts/philos/whatis.htm